Você sabe o que significa aprendizagem evolutiva? É a prática de entender um problema e buscar por soluções junto com as pessoas que são afetadas pela questão. O primeiro resultado alcançado não é o ponto de chegada, e sim o de partida. A solução obtida no processo deve ser refinada mais e mais a cada tentativa, evoluindo os saberes sobre a questão, até que se chegue ao resultado ideal.
Essa forma de aprendizado é horizontal, desehierarquizada, e dá voz a todos os atores do processo em questão, e não apenas a uma das partes ou a quem normalmente tem o poder de decisão. Isso possibilita um aprendizado rápido – já que os envolvidos conhecem bem o problema – e resulta em soluções mais efetivas, menos burocráticas e que satisfazem ao máximo possível as necessidades dos envolvidos.
Quando usar a aprendizagem evolutiva
Há muitas situações em que já existe um modus operandi conhecido e que funciona bem para o objetivo que se quer alcançar. A aprendizagem evolutiva não é para essas questões. Conforme defende o professor da Universidade de Columbia James Liebman, o método de aprendizagem evolutiva se aplica ao que não sabemos. Deve ser usado em situações nas quais não há uma solução satisfatória, e que requerem o desenvolvimento de estratégias para a obtenção de resoluções melhores.
Etapas da aprendizagem evolutiva
Para colocar a aprendizagem evolutiva em prática na sua escola, existem cinco etapas a serem seguidas:
- Refinamento do problema a ser resolvido
- Determinação da “causa raiz” (a raiz do problema)
- Geração de soluções
- Elaboração, execução e monitoramento das intervenções
- Avaliação dos resultados
Ao final do processo, é natural que o resultado ainda não seja o esperado. É aí que entra a evolução do aprendizado. A ideia é que o processo seja refeito quantas vezes forem necessárias, lapidando os pontos que ainda não ficaram satisfatórios, até que se chegue na solução ideal.
Como o método pode ser aplicado nas escolas
Nas instituições de ensino, a aprendizagem evolutiva pode ser empregada em:
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Sala de aula
Para aplicar a aprendizagem evolutiva em sala de aula, os professores podem realizar experimentos com os alunos que envolvam a resolução de problemas para os quais ainda não existe uma solução adequada.
Por exemplo:
Na hora da saída escolar há muito engarrafamento, som de buzinas, infrações de trânsito e confusão. A instituição não conseguiu ainda resolver esse problema, que acaba trazendo transtornos aos pais, colaboradores e aos moradores dos arredores da instituição. Em sala de aula, o professor propõe que os alunos utilizem a aprendizagem evolutiva para tentar resolver a questão.
Para chegar à solução, os estudantes precisarão ouvir a todos os envolvidos, definir com eles exatamente o que precisa ser sanado, o que causa o problema e realizar um levantamento das possíveis soluções. Depois, é preciso elaborar um plano de ação, colocá-lo em prática, e monitorá-lo. O próximo passo é avaliar os resultados junto com os envolvidos. Havendo ainda pontos de melhoria na estratégia, é necessário que o processo seja refeito. Com isso, o aprendizado evolui progressivamente – e a solução também.
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Com os pais
A aprendizagem evolutiva também pode ser aplicada com os pais. Há diversas questões escolares que os envolvem, como comunicação escolar, reuniões presenciais, autorizações para passeios e atividades, eventos, etc. Se algo não está funcionando bem, é uma boa oportunidade para aplicar o método.
Por exemplo:
Os professores enviam recados aos pais pela agenda de papel. Eles acabam esquecendo de ler, e perdem coisas importantes. Isso resulta em baixo engajamento deles na vida escolar dos filhos. A instituição de ensino quer melhorar essa situação, mas não sabe qual é o melhor caminho.
Aqui, o uso da aprendizagem evolutiva pode ajudar a escola a encontrar uma solução que seja benéfica a todos os envolvidos. Para isso, precisará conversar com os pais e com os colaboradores, e aplicar com eles as cinco etapas do método quantas vezes forem necessárias. Assim, poderá solucionar um problema antigo de uma forma mais rápida, eficaz e sem burocracia.
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Com os colaboradores
A escola pode usar o método em questões internas da instituição relacionadas a processos dos colaboradores, como: comunicação interna, tarefas conjuntas entre times, eventos entre equipe escolar, endomarketing, etc.
Por exemplo:
A área da escola responsável pela parte comercial está planejando uma ação em conjunto com a equipe de marketing. Os dois times têm atribuições, e um depende que o outro faça a sua parte para prosseguir com o planejamento. Não há, no entanto, uma ferramenta na escola que gerencie as demandas entre times, e as coisas parecem “não andar” por falta de organização e de priorização.
Essa é mais uma situação em que a aprendizagem evolutiva pode ser aplicada. Para isso, todos os colaboradores devem ser envolvidos na prática, para que exponham suas reais necessidades e consigam, em conjunto com os gestores, gerar ideias para resolver o problema. Depois entra a parte de execução, monitoramento e avaliação, para que a melhor solução vigore.
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Na comunidade na qual a escola está inserida
A escola está inserida em um bairro. Essa comunidade, muitas vezes, enfrenta situações problemáticas que podem ser resolvidas em conjunto com a instituição de ensino, utilizando o método de aprendizagem evolutiva. A questão pode ser falta de calçadas adaptadas para cegos e cadeirantes, ruas em que ocorrem muitos acidentes e que são perigosas para crianças e adolescentes atravessarem, água parada em determinados locais do bairro que podem ser foco de mosquito da dengue, entre outras. São problemas que a escola não tem uma responsabilidade direta, mas que pode contribuir aplicando a aprendizagem evolutiva.
Por exemplo:
Há um terreno baldio no bairro no qual muitos moradores costumam jogar lixo, principalmente quando querem se livrar de entulhos maiores, que não seriam levados pelo caminhão de lixo. O local acabou se tornando um criadouro de ratos e baratas, que acabam também saindo de lá e se espalhando por outros pontos da comunidade. O problema incomoda a todos, mas nenhuma ação prática é tomada para resolvê-lo.
Embora a escola não tenha o dever de fazer algo a respeito da situação, ela pode, e mostrará que se importa com a comunidade da qual faz parte. E para descobrir um caminho para resolver o problema, é importante que envolva a todos, para que cheguem a uma solução de forma colaborativa usando as cinco etapas da aprendizagem evolutiva.
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